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MONOGRAFIAS MAÇÔNICAS

pelo Ven.Irmão WILLIAM ALMEIDA DE CARVALHO 33


*A MAÇONARIA EM CUBA

*escrito juntamente com A. R. Schmidt Patier
Mestre Maçon e Membro da Academia Maçônica de Letras do DF.


 

            O editorial do número anterior da Egrégora – jornal maçônico de Brasília – tratou da memorável visita do Papa João Paulo II à ilha de Fidel e da forma pela qual foi ali tratada a questão religiosa. Neste artigo, a Maçonaria cubana será objeto de nossa atenção.

            A independência de todas as Américas foi obra da Maçonaria. A crônica particular de cada um dos países do Novo Mundo trata exaustivamente da forma pela qual isto aconteceu, de sorte que não consideramos necessário insistir deste assunto.

            Cuba não foi uma exceção. Mas o que nem todos os historiadores sabem - principalmente os menos informados -, é o fato de nossa sublime Ordem ter crescido ali em importância a partir do momento em que Fidel libertou a Ilha. Não há nada de incorreto nesta afirmação, porque pelo tratado de 1898, assinado em Paris, Cuba foi libertada do jugo espanhol para, logo a seguir, cair sob o jugo norte-americano. Tratou-se, pois, de uma falsa independência.

            Vale a pena fazer um ligeiro retrospecto desse acontecimento ocorrido à revelia da Maçonaria cubana. Uma vez declarada a “independência”, a ilha ficou ocupada pelo exército norte-americano, sob o pretexto de que era preciso manter a paz e organizar o país. Foram também os americanos e não os cubanos que elaboraram a Carta-Magna do País, promulgada pela Assembléia Constituinte em 21 de fevereiro de 1901. A essa estranha Constituição foi acrescido um documento ainda mais estranho – a chamada “Emenda Platt” – que autorizava os EUA a intervirem no país toda vez que fosse necessário, o que aconteceu muitas vezes. A Maçonaria lutou bravamente até que, em meados dos anos 30 fosse promulgada nova Constituição com a supressão da odiada “Emenda Platt”. Mas, os americanos continuaram presentes e dominantes. Foi com a influência deles que se impôs o governo do Sargento Batista (logo promovido a coronel) e que serviu com fidelidade aos EUA em todas as questões internacionais em que a cooperação cubana fosse necessária.

            Enquanto o antigo Sargento Batista enriquecia, os americanos eram os verdadeiros senhores da ilha. As melhores terras lhes pertenciam. Eram também donos das principais grandes empressas. Cubano só podia ser empregado, as vezes bem remunerado, mas empregado. O povo cubano vivia mal. Dia a dia crescia, com o apoio da Maçonaria, o movimento anti-americano.

             Esse ideal encarnou-se num jovem advogado chamado Fidel Castro. Em 28 de julho de 1953, Fidel foi aprisionado pelas tropas de Fulgêncio Batista e teria sido executado sumariamente, a exemplo do que ocorreu com outros revolucionários, se não tivesse havido a intervenção do Tenente Sarriel que determinou aos seus subordinados que o poupassem, argumentando: “Idéias não se matam!”. Sarriel, embora oficial do exército de Fulgêncio Batista, era necessariamente maçom.

            Foi ele que encaminhou Fidel para a Sierra Maestra, centro de ação dos patriotas barbados. Aos poucos, as tropas de Batista foram sendo derrotadas. A opinião pública, principalmente a Ibero-Americana, era favorável aos rebeldes. Vendo-se perdido, Batista abandonou o governo e refugiou-se nos EUA.

            Uma vez conquistada a ilha, Fidel organizou um governo revolucionário. Iniciou uma campanha de nacionalização e de desapropriação de empresas e de terras em mãos de cidadãos dos EUA. O governo americano protestou e propôs que Cuba fosse excluída da OEA. Adotou, ademais, medidas econômicas restritivas à Cuba que perduram até hoje. Pode-se dizer que, por mero interesse econômico, os EUA jogaram Cuba nos braços de Moscou. As consequências de tudo isto resultaram na situação que vem perdurando há quase 40 anos e que não interessa comentar aqui por ser do conhecimento de toda gente.

            O que de fato interessa saber é a situação da Maçonaria em Cuba depois de implantada a Revolução. Seria impossível imaginar uma Loja maçônica nas imediações da Praça de São Pedro, em Roma, nem tampouco na Praça da Paz Celestial, em Pequim, na China. Mas, em Havana o esquadro e o compasso convivem pacificamente, lado a lado, com a foice e o martelo. No centro de Havana, na Avenida Salvador Allende (que foi maçom), 508, está localizado o Grande Templo Nacional Maçônico, um edifício de 11 andares em cujo cimo resplandece o esquadro e o compasso. É alí que despacha o Sereníssimo Grão-Mestre Raciel Martinez Andreu que poder ser contactado pelos telefones 75732 ou 75065. A Grande Loja Maçônica de Cuba congrega mais de dois mil membros e é reconhecida pelas Grandes Lojas de 38 Estados norte-americanos. O Grande Oriente do Brasil é reconhecido por apenas 17 Estados.

            A Grande Loja Nacional de Cuba mantem um Asilo para Maçons idosos, além de outras obras de benemerência, mas luta com muitas dificuldades, sobretudo de ordem financeira. Muitos maçons pertencem ao Partido Comunista cubano, mas não são ateus. Nesse particular, existe em Cuba uma curiosa mistura de Comunismo, Cristianismo e Maçonaria, uma situação semelhante a que prevalece na Itália. O próprio Fidel se criou num ambiente católico e fez o curso primário e médio num colégio religioso. Sua adesão ao ateísmo e comunismo só se deu mais tarde, já na idade adulta. A convivência da Maçonaria cubana com o regime castrista se explica pelo fato de os maçons terem tido uma justa participação na Revolução que libertou Cuba do domínio econômico dos EUA.

            Os dados que serviram de base para este resumo histórico foram colhidos na INTERNET, onde os interessados no assunto poderão colher dados mais amplos do que os que aqui foram expostos.